INTÉRPRETES EM CRISE questiona o lugar do intérprete na contemporaneidade, problematiza a formação do Intérprete Incrível e chora as condições dadas para a criação e difusão de um espetáculo de dança contemporânea.
O trabalho passeia pela nossa memória de dança resgatando e projetando tempos que vivemos ou gostaríamos de ter vivido para falar dessa crise do fazer da dança, dessa vontade louca de dançar, do amor à dança e também de outros clichês.
Intérprete que quer ser intérprete, que faz 3 aulas por dia, que toma redbull e relaxante muscular, que dança numa grande companhia, que não come glúten, que pinta o cabelo de acaju, que tem espetáculo agendado até 2015, que isso é tudo que sempre quis, que se sente cansado a maior parte do tempo, que não vai operar o joelho, que engordou, emagreceu, engordou, emagreceu e começou a fumar, que não é um jovem coreógrafo, que adora camarim, cheiro de mofo e naftalina, que não escreve projetos nem trabalha com produção, que leu Dançar a Vida de Roger Garaudy, que dança de meia no linóleo, que gosta de romance, cinema e de drink no dancing. Dançar dói.