FORÇA ESTRANHA

SATURAÇÃO
Texto Rodrigo Monteiro
Publicado em Oblíqua
Maio 2024

“Força Estranha, de Futura, com Clarice Lima e Aline Bonamin, começa enchendo a cena com um ritmo que, como elemento que fica e se transforma ao longo de toda a apresentação, transborda para dentro. Assim como acontecem com as correntes de ar em um local fechado, ou com as de água de um pequeno reservatório, em Força Estranha há também um tipo de movimento que vai movendo o volume criado pelo próprio trabalho.”

POR ISSO É QUE EU DANÇO
Texto Renan Marcondes
Publicado em  Lá textos para danças
Maio de 2024

“O título da dança se refere à música de Gal Costa, na qual se canta uma resposta à pergunta: “por que canto?”. Aqui, a escavação dessa memória e energia infantis parecem ser uma resposta para uma pergunta semelhante: “por que danço?”. E, na música de Gal, a resposta relaciona visão e tempo: ela vê um menino correndo e vê o tempo brincando ao redor ao redor do caminho, assim como vê uma mulher grávida e o tempo não para para que ela veja. Na dança, é como se pudéssemos ver aquilo que produziu aqueles corpos que hoje dançam de forma profissional. Pois antes dos editais, das prestações de contas, das curadorias e das justificativas, houve em algum momento uma pessoa que se deslocou no espaço e descobriu prazer (ou que descobriu prazer mesmo parada, entre as pernas, na nuca, sob os cotovelos).

Essa pessoa foi convocada por uma força estranha, imprevista, que a toma e faz do seu corpo meio para sua transmissão, querendo ela ou não.”

O COMEÇO, O MEIO E O COMEÇO 
Texto Jane Oliveira
Publicado em Post de Dança
Maio 2024

“Dizer que há uma relação direta entre movimento e vida é quase uma obviedade, mas demonstrar artisticamente a potência transformadora do movimento humano é outra história. E é por isso que “Força Estranha” emociona. Etapa por etapa, assistimos à combinação de elementos de som, movimento, luz e objetos dar corpo ao ambiente construído na cena. Partindo do gesto simples e espontâneo constrói-se um cenário elaborado, onde objetos se mexem e imagens movem a imaginação. No final, as artistas constroem uma espécie de acampamento que poderia ser apenas um local para passar a noite na natureza ou então um abrigo para refugiados. A ação humana, o trabalho parece sugerir, pode transformar o mundo para o bem ou para o mal. Ficar parado não é uma opção, pois o movimento existe e sempre continua. Resta saber para onde estamos indo. Naquele acampamento, por um instante, tenho a impressão de que tudo pode acontecer. Até a revolução?”

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